quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Soneto Póstumo

- Boa Tarde... - Boa Tarde! - E a doce amiga
E eu de novo, lado a lado vamos!
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos...


E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia... nem sei como a diga...
Que fomos outros que nos encontramos!


Não há remédio: é separar-nos pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
-Até breve!  - Até breve! - E, com espanto


Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que a tanto já morreram...
E que, um dia se quiseram tanto!


-- Mario Quintana

****************

Eu sou como uma ilusão
Um sério sintoma de seus
                  -distúrbios mentais
Fui abandonado, obrigado
À existir e nada mais
Mas como pode um desvairo
Ser sem seu estulto?